sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

Banda Sonora

Banda sonora para um dia como o de hoje, em que não para de chover:
Largo, do Concerto nº4 em Fá menor, Op.8, RV 297, L'Inverno, de Antonio Vivaldi, numa extraordinária interpretação do grande Itzhak Perlman.




Chove. Há Silêncio

Chove. Há silêncio, porque a mesma chuva
Não faz ruído senão com sossego.
Chove. O céu dorme. Quando a alma é viúva
Do que não sabe, o sentimento é cego.
Chove. Meu ser (quem sou) renego...
Tão calma é a chuva que se solta no ar
(Nem parece de nuvens) que parece
Que não é chuva, mas um sussurrar
Que de si mesmo, ao sussurrar, se esquece.
Chove. Nada apetece...
Não paira vento, não há céu que eu sinta.
Chove longínqua e indistintamente,
Como uma coisa certa que nos minta,
Como um grande desejo que nos mente.
Chove. Nada em mim sente...

Fernando Pessoa, in "Cancioneiro"


quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

Felicidade

Acordar muito cedo,
Um espreguiçar dolente e gostoso.
Um bom dia feito de sorrisos e uma carícia.
Abrir a janela e sentir a frescura orvalhada do amanhecer.
Aromas a café e a canela.
Beijos, um abraço apertado e um acenar à janela.
Assim começou o meu dia!
E num vagar prazenteiro, recosto-me por breves momentos e permito sentir-me feliz!


créditos imagem @ the art mad wallpapers

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

Escrever

Sinto necessidade de escrever!
Andei demasiado tempo arredada do acto; da sua confortante presença.
Os dedos tremem-me agora num tamborilar nervoso, quase incontrolável.
O espaço em branco na tela atrai-me, qual objecto de cobiça e de desejo.
Preciso escrever!
Podem ser frases banais num redigir banal e inconsequente;
Podem ser palavras sem nexo ou razão, letras soltas, livres, sem sentido e intento, que apenas preencham o vazio de uma página por desbravar, sôfrega de um prazer que lhe é oferecido por um simples tocar de teclas, pelo sensual roçar de uma caneta no papel, pelo sulcar de um lápis ousado e atrevido numa folha imaculada.
Preciso escrever!
Porque a escrita, tal como a música, são parte fundamental da minha essência!
E ao escrever, sinto-me completa!


créditos imagem @ northyorknews.com

terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

Paredes

Quem me conhece, sabe que não vivo sem música; faz parte de mim, desde que me sinto gente.

Não será, por isso, de estranhar a especial atenção que lhe darei, ao longo do tempo que por aqui andar.

Escreveu, um dia, Beethoven: a música é um terreno onde o espírito vive, pensa e floresce.

Abençoado o terreno onde viveu, pensou e floresceu o espírito de um dos nossos maiores génios do século XX - Carlos Paredes!

Completam-se hoje 91 anos sobre o seu nascimento.

Figura ímpar da cultura portuguesa, Paredes ficou conhecido como O homem dos mil dedos, tamanho o seu génio a dedilhar as cordas de uma guitarra.

Filho e neto de guitarristas compositores, deles herdou a Arte, elevando-a a um patamar nunca dantes imaginado. Estudou com o pai; falou com saudade desse tempo: Nestes anos, creio que inventei muita coisa. Criei uma forma de tocar muito própria que é diferente da do meu pai e do meu avô.

Compôs muito, até para cinema;
Tocou muito;
Gravou muito;
Encantou muito!

À sua Arte, presto a minha homenagem!

Quando eu morrer, morre a guitarra também.
O meu pai dizia que, quando morresse, queria que lhe partissem a guitarra e a enterrassem com ele.
Eu desejaria fazer o mesmo. Se eu tiver de morrer.
Carlos Paredes


Harmonia

O Sol brilha lá fora com a imponência de um Astro Rei, realçando o manto verde que cobre a lezíria.

Em modo atento e desvelado, observo cada fracção de cada pedaço de imagem que consigo  reter com o olhar, deixando meigamente seduzir-me pelo calor aprazível que sinto no rosto, levemente aparado pelo vento fresco que me acaricia de forma, um tanto, desabrida.

E um sentimento de harmonia e de paz envolve-me, num abraço fraterno e consolador!



créditos imagem @ Pinterest



segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

Eurico Carrapatoso, 15 de Fevereiro de 1962

Parabéns, Eurico!
Um doce de Pessoa!
Um extraordinário compositor!

Pequeno poemário de Sophia
sobre texto de Sophia de Mello Breyner Andresen

Requiem à memória de Passos Manuel
3

Ó meu Menino
(Magnificat em Talha Dourada)



quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

Acreditar

Porque vivo um tempo de reflexão e de escutas interiores, as palavras escritas teimam em não sair com o fluxo pretendido, doloridos que são os pensamentos que me habitam o ser.

Mas porque sou teimosamente confiante, fiapos de esperança não deixam de me enlear os dias, fiando um manto envolvente e seguro que me conforta a alma e me acalenta o espírito.

E com a força do acreditar, invento alegrias, poemas e canções, e uma felicidade inexplicável inunda-me, numa torrente de esperança e de Fé!


créditos imagem @ héctor pineda

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

"SMILE"

Na quietude das primeiras horas da manhã, caminho pelo mais profundo do meu EU, numa peregrinação interior aos lugares recônditos da minha alma. E num passo cuidado e atento, procuro ir escutando o génio que me habita o coração, para que dele vá recebendo o alento que me permita revelar o meu Ser secreto, uma Mulher por ventura mais enternecedoramente frágil, mas certamente mais cheia de esperanças ainda sem nome, e de vontades ainda sem fantasias.

Neste viajar necessariamente solitário até às profundezas do meu Atman, encontro uma imagem reflectida onde me vejo e reconheço, no estado mais puro e imaculado.

Detenho-me, por momentos, diante daquele espelho interior e deixo escapar um sorriso, com a certeza de que ainda existe em mim, a força que me permite continuar esta viagem da vida com o mesmo espírito sonhador, com a mesma força do acreditar e com a mesma determinação vencedora com que a iniciei.

E volto a sorrir.
E vou sorrir sempre!
Porque como diz a canção, " You'll see that life is still worthwhile if you just smile".



terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

"Em Busca da Pedra Filosofal"

O passar das horas nocturnas deu-se numa lentidão entorpecedora.
Num vaguear constante e inquieto, andei em  busca de um sono que teimou em não aparecer.

Necessitava do abraço consolador de Morfeu para me apaziguar o espírito e me velar o descanso. Mas entendeu o deus do sonhos confortar noutras paragens.

E um caudal de angustias e de incertezas inundou-me os pensamentos.

Há dias assim!
Dias como o de hoje;
dias que podem ser de recomeços ou de rupturas;
dias em que deposito todas as esperanças, todos os anseios, confiando que as sombras da dúvida e da incerteza sejam arrastadas por um qualquer vento suão, para que a mente libertada da penumbra dê asas à minha capacidade de continuar a acreditar e de sonhar.

Sim, porque os sonhos continuam! Afinal, são eles que comandam a vida, como escreveu António Gedeão. E por serem uma constante da vida, não me sento nem descanso à beira de um ribeiro manso. Num perpétuo movimento, faço deles a minha tela, a minha cor, o meu pincel; e assim desenho os contornos desta existência, em busca da minha essência final; em busca da minha "Pedra Filosofal"!









segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

Gentil Acordar

São 7:30h da manhã.

O primeiro dia de Fevereiro acorda gentil, raiado de laranja a colorir o azul claro do amanhecer. Garças esvoaçam em bando pela lezíria, gazeando um diálogo indecifrável.

Sinto a alma lavada pela frescura da manhã que me entra janela aberta adentro; o cheiro da terra orvalhada desperta-me os sentidos.

Num delicioso vagar que a que me ofereço, vem-me à memória uma das mais sublimes páginas de música, alguma vez escritas.

E sorrio, num conforto só meu!